Texto colectivo elaborado pela minha turma do 7º ano (a partir do conto de José Saramago).
A Maior Flor do Mundo
Era uma vez um rapaz chamado Job. Ele era loiro como o trigo, franzino e frágil como uma flor, porém, activo, aventureiro e simpático. Vivia numa cidade com poucos espaços verdes, só a sua casa tinha um verdejante e fresco jardim.
Certo dia, o menino foi com o seu pai dar um passeio de carro. Pararam no cimo de um monte para apreciar a paisagem.
Job saiu do carro e avistou um pequeno e gordo escaravelho. Resolveu segui-lo. O pai, enquanto o rapaz se deliciava com o bicho acrobata, aproveitou para arrancar uma pequenina e verde árvore que se encontrava naquele local. O que o pai não sabia era que essa árvore dava sombra a uma flor de rara beleza.
Já muito afastado do carro, o garoto continuava a divertir-se com o escaravelho. Lá o conseguiu apanhar, no meio de tantos saltos e acrobacias. No momento em que estava a chegar ao pé do pai, o bicho saltou-lhe da mão e, assustado, escondeu-se atrás da flor. Job, olhando-a fixamente, achou-a deslumbrante, contudo entristecida.
Preparava-se para agarrar novamente o malandreco do insecto, quando ouviu a voz do pai que o chamava, depois de ter colocado a árvore no banco traseiro do automóvel. Chegados à cidade, tratou logo de guardar o escaravelho numa caixa de sapatos, onde fez alguns buracos.
Uns dias depois, numa bela manhã de sábado, estava Job no jardim a brincar com a sua caixa, abrindo-a e fechando-a. Nesse instante, o pai chamou-o para almoçar e o menino correu até à cozinha, esquecendo-se da caixa aberta. De regresso à brincadeira, Job deu conta que o seu bicho de estimação fugira. Sem pensar duas vezes, resolveu ir procurá-lo onde o tinha encontrado.
Para chegar ao cimo do monte, o rapaz atravessou a cidade, passou pelo rio Cigarra e caminhou por entre as árvores da Floresta do Circo. Já próximo do Monte Perdido, muito cansado, esteve quase a desistir da sua caminhada, mas ainda arranjou forças para alcançar o cume. Chegou lá acima completamente exausto! Sentou-se numa rocha e descansou durante alguns minutos. Foi então que a viu. Iluminada pelo Sol, mas murcha, lá estava ela, sozinha, a flor de rara beleza!
O menino, ao presenciar aquela triste realidade, ficou destroçado. Emocionou-se e não conseguiu conter a sua tristeza. As lágrimas brotaram do seu coração e começaram a cair sobre a flor. Job ficou assim durante horas. Tanto tempo que acabou por adormecer.
Acordou com as estrelas a quererem nascer. Olhou para o céu e qual não foi o seu espanto quando viu a flor, enorme, curvada como se o estivesse a proteger. Ficou ainda mais estupefacto quando esta lhe perguntou:
– Já acordaste?
Antes de conseguir reagir, ouviu a voz do escaravelho:
– Grande dorminhoco!
Cada vez mais baralhado, o miúdo gaguejou:
– Vocês conseguem faalaar?! E conhecem-se?
E a flor respondeu-lhe com um agradecimento:
– Muito obrigada por me fazeres renascer! Devo-te a vida! Não te assustes, os habitantes do Monte Perdido falam, mas tens de prometer que não vais contar nada a ninguém.
– A flor é uma amiga de longa data – esclareceu o escaravelho.
– Já percebi tudo. Está prometido! – respondeu o rapazinho.
E naquele fim de tarde, com o coração cheio de paz, a criança regressou à cidade, deixando no monte os seus novos amigos.